sábado, 8 de agosto de 2009

HERDEIROS DE PETRÓPOLIS



Herdeiros de Petrópolis ainda recebem laudêmio



Fachada do Palácio Imperial,
a residência preferida de D. Pedro II, mandado construir em 1845
pelo Imperador e dado por concluído em 1864

Apesar da família imperial brasileira não mandar no país há quase 120 anos, em Petrópolis, cidade a 60 quilômetros do Rio de Janeiro, os descendentes de D. João VI recebem o laudêmio: uma taxa sobre a venda de todos os imóveis da região central da cidade histórica.

O laudêmio não é exclusividade da família real brasileira. Ele foi criado pela Coroa portuguesa ainda no período colonial. Eram as terras aforadas, que sobrevivem até os dias de hoje. "Só a União tem 542 mil imóveis que podem receber laudêmio", afirma Paulo Campos, diretor de recursos estratégicos da Secretaria do Patrimônio da União.

Em Petrópolis há cinco terras aforadas, e a principal está nas mãos da família real. "Ali, os valor dos imóveis varia de R$ 300 mil a R$ 2 milhões", afirma Patrícia Judice de Araújo e Esteves, diretora de uma das principais imobiliárias da cidade. O que hoje é o centro de Petrópolis foi a fazenda Córrego Seco, adquirida ainda no século XIX pelo imperador D. Pedro II.

Mas o laudêmio é motivo de ressentimentos na família real. "Houve divisão nos anos 40, e o ramo da família de Petrópolis ficou com o laudêmio", afirma D. Luiz de Orleans e Bragança, o Chefe da Casa Imperial Brasileira. O ramo dinástico - que herda a Coroa se for restaurada a monarquia - não ficou com nada. Esse ramo é o de Vassouras, o mesmo a que pertence D. Luiz. No ramo de Petrópolis, ninguém se manifesta.

Especialistas imobiliários estimam que cada membro da família imperial do ramo de Petrópolis recebe entre R$ 3.000 e R$ 5.000 mensais só com o laudêmio. Mas o Companhia Imobiliária de Petrópolis (CIP) não confirma esses cálculos. "Os rendimentos servem para preservação da Mata Atlântica da cidade e para a manutenção dos palácios, que são prédios tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional", afirma Paulo Tostes, responsável pela CIP. "O pouco que resta é distribuído aos familiares".

Fonte: Jornal "O Povo"